ausência de espaço.
« quando eu estou triste as palavras vão e vêm e eu não as encontro »
sábado, 3 de julho de 2010
talvez nada se tenha perdido, apenas o tempo tenha retido tudo isso num templo de sonhos. as cores são sempre o que mais nos fixa, a voz, o cheiro, o sorriso, tudo parece também ser feito de cor, de bolas de sabão que rodam no ar e se desfazem lá bem no alto. só o tempo e a generosidade podem fazer-te acordar, a ti e a mim, tu estás num coma físico mas eu estou num coma emocional. gostava que a mãe me abraçasse com força junto a ela, e me dissesse baixinho que estás a vir, em cima de um pássaro, trazes prendas, trazes balões no saco, trazes doces, trazes o mundo inteiro no teu coração. antes querias conhecer o mundo, mas aprendeste que sozinho não ias conseguir. vejo-te a sorrir quando fecho os olhos, sinto o cheiro do teu cabelo molhado, da tua pele, do teu perfume. queria escrever-te uma carta, mas perdi a tua morada, não sei se sei a morada do lugar por onde vagueias agora. és como um caracol, andas sempre com a casa às costas, nunca estás no mesmo sítio, excepto quando acordas. é sempre horrível quando acordo, tenho a sensação que estava a sonhar contigo e com a mãe, que eramos só nós os três e que estavamos juntos. tenho a sensação que também eu me perdi, como uma criança de cinco anos que se perde num centro de comercial e não sabe da existência da recepção. as pessoas passam por mim, mas ninguém me vê. pareço uma formiga que cada vez se torna mais pequena, mais invisível. o ritmo alucinante a que o mundo avança, não é o mesmo que o NOSSO mundo caminha. faltas tu para nos guiar. sabes, eu e a mãe precisamos de ti, eu e tu dela, ela de nós, mas ninguém diz. abraças-me com força junto a ti? eu peço-te, devolve-me as cores com que pintamos o céu de olhos fechados.
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